Páginas da vida
Sempre no final da novela das oito mostram um quadro com um depoimento emocionante da vida de uma pessoa. Hoje tive um desses momentos mágicos na vida – consegui ter a idéia de que eu não sou o único a enfrentar isso: a depressão.
Hoje cedo, numa consulta médica que antecede a minha cirurgia, além de perguntar sobre os procedimentos cirúrgicos, aproveitei e fiz uma pergunta que estava me incomodando há muito tempo: questionei sobre a minha DDA. – Afinal, porque eu venho tendo estes sintomas? Embora não seja a área especifica da Dra, eu sabia que ela de alguma forma tentaria me ajudar, visto que, ela é muito atenciosa com os seus pacientes. Logicamente, não é por acaso que eu farei uma cirurgia com ela.
Ela começou a me questionar sobre o porquê eu vinha tendo estes sintomas: desde quando eu comecei a perceber? Se tinha algo anormal na minha vida que justificasse isso?
Comecei a contar resumidamente o motivo da minha depressão: quando o meu irmão se mudou para o RJ, aliado a separação depois de quase três anos de namoro. E resumidamente, eu contei o que passei.
Ela me disse que tinha um caso familiar muito próximo ao meu: a separação do irmão dela. “O meu irmão é uma pessoa fantástica: inteligentíssimo, dedicado ao trabalho, alegre, super centrado. Porém, depois da separação, parece que a vida dele ficou em preto e branco – ele é outra pessoa: desmotivado e desnorteado. A vida dele desmoronou”. – disse a Dra..
Senti como se ela estivesse me descrevendo: é desta forma que eu também me enxergo. Cada pessoa tem um tempo para superar a perda, tem um tempo de sofrimento – cada pessoa enfrenta a rejeição de uma maneira diferente. Aos poucos começo a reconstruir a minha vida, ainda que cambaleando e duvidando muitas vezes se serei capaz.
Conversamos muito tempo sobre este assunto e eu justificava com as minhas palavras cada atitude do irmão dela, como: a hiper idolatração de uma pessoa – como se uma pessoa fosse surreal, que não tivesse erros, algo tão perfeito como uma deusa, a ponto de você justificar os erros dela como se fossem seus: Ela fez isso porque eu não dei a atenção necessária.
Notei que os olhos dela começaram a lacrimejar, mesmo ela fazendo muito esforço para não transparecer. Ela ficou meio sem jeito e disse: “É difícil quando se trata de uma pessoa que a gente ama muito – eu quero o meu irmão bem”. Lembrei da minha mãe, quando conversou comigo a respeito da separação, quando tentou me lançar novamente para a vida e me dando forças para continuar e nunca desistir – como se fosse uma mãe pássara ensinando os princípios da vida para o filho, neste caso, ensinando a voar.
Hoje tenho um novo relacionamento – uma pessoa escolhida a dedo – que está me ensinando a superar este desafio com muito amor. Lembro que antes não tinha atração por ninguém e pensava seriamente em nunca mais ter um relacionamento, visto que, estou cansado de sofrer. Hoje a única pessoa que eu enxergo é ela: a minha amada namorada.
Sei o que é amor. Este sentimento que varia de uma pessoa para outra e pode ser aplicado a tudo na nossa vida: família, relacionamentos, amizade, trabalho. Contudo reencontrei, aos poucos, a melhor forma de amar: o amor próprio, o resto deve ser compartilhado dele.
Senti-me muito bem ao expor isso e sei que para ela a consulta também foi muito proveitosa. Será que daria para gravar um quadro de paginas da vida? – Vou te contar!