sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Páginas da vida

Sempre no final da novela das oito mostram um quadro com um depoimento emocionante da vida de uma pessoa. Hoje tive um desses momentos mágicos na vida – consegui ter a idéia de que eu não sou o único a enfrentar isso: a depressão.

Hoje cedo, numa consulta médica que antecede a minha cirurgia, além de perguntar sobre os procedimentos cirúrgicos, aproveitei e fiz uma pergunta que estava me incomodando há muito tempo: questionei sobre a minha DDA. – Afinal, porque eu venho tendo estes sintomas? Embora não seja a área especifica da Dra, eu sabia que ela de alguma forma tentaria me ajudar, visto que, ela é muito atenciosa com os seus pacientes. Logicamente, não é por acaso que eu farei uma cirurgia com ela.

Ela começou a me questionar sobre o porquê eu vinha tendo estes sintomas: desde quando eu comecei a perceber? Se tinha algo anormal na minha vida que justificasse isso?

Comecei a contar resumidamente o motivo da minha depressão: quando o meu irmão se mudou para o RJ, aliado a separação depois de quase três anos de namoro. E resumidamente, eu contei o que passei.

Ela me disse que tinha um caso familiar muito próximo ao meu: a separação do irmão dela. “O meu irmão é uma pessoa fantástica: inteligentíssimo, dedicado ao trabalho, alegre, super centrado. Porém, depois da separação, parece que a vida dele ficou em preto e branco – ele é outra pessoa: desmotivado e desnorteado. A vida dele desmoronou”. – disse a Dra..

Senti como se ela estivesse me descrevendo: é desta forma que eu também me enxergo. Cada pessoa tem um tempo para superar a perda, tem um tempo de sofrimento – cada pessoa enfrenta a rejeição de uma maneira diferente. Aos poucos começo a reconstruir a minha vida, ainda que cambaleando e duvidando muitas vezes se serei capaz.

Conversamos muito tempo sobre este assunto e eu justificava com as minhas palavras cada atitude do irmão dela, como: a hiper idolatração de uma pessoa – como se uma pessoa fosse surreal, que não tivesse erros, algo tão perfeito como uma deusa, a ponto de você justificar os erros dela como se fossem seus: Ela fez isso porque eu não dei a atenção necessária.

Notei que os olhos dela começaram a lacrimejar, mesmo ela fazendo muito esforço para não transparecer. Ela ficou meio sem jeito e disse: “É difícil quando se trata de uma pessoa que a gente ama muito – eu quero o meu irmão bem”. Lembrei da minha mãe, quando conversou comigo a respeito da separação, quando tentou me lançar novamente para a vida e me dando forças para continuar e nunca desistir – como se fosse uma mãe pássara ensinando os princípios da vida para o filho, neste caso, ensinando a voar.

Hoje tenho um novo relacionamento – uma pessoa escolhida a dedo – que está me ensinando a superar este desafio com muito amor. Lembro que antes não tinha atração por ninguém e pensava seriamente em nunca mais ter um relacionamento, visto que, estou cansado de sofrer. Hoje a única pessoa que eu enxergo é ela: a minha amada namorada.

Sei o que é amor. Este sentimento que varia de uma pessoa para outra e pode ser aplicado a tudo na nossa vida: família, relacionamentos, amizade, trabalho. Contudo reencontrei, aos poucos, a melhor forma de amar: o amor próprio, o resto deve ser compartilhado dele.

Senti-me muito bem ao expor isso e sei que para ela a consulta também foi muito proveitosa. Será que daria para gravar um quadro de paginas da vida? – Vou te contar!

Sou quase um rico

Desde muito cedo sempre gostei de dinheiro: Gostava de recortar nas revistas as figuras que representavam dinheiro, depois disso brincava com os meus amigos de cidade. – Cidade? – Era o nome que a gente dava para o nosso jogo – é muito similar ao banco imobiliário, acho que eles até copiaram a minha idéia ou fui eu quem a copiei a idéia deles. Mas no nosso jogo a gente montava, com caixas de sapato e afins, as instituições do jogo: Farmácia, escola, supermercado, banco e etc. Eu sempre era o banco. Os meus amigos me odiavam, pois eu sempre atolava os caras com os juros: se o cara pegasse 100 pilas comigo; em 3 jogadas, eu cobrava 150 pilas depois – eu era pior que judeu. Ah! E se o cara não me pagasse eu chamava o segurança – era o cara mais velho da turma: mongolão e alto (mocorongo), que era um péssimo administrador que sempre me devia dinheiro. Porém, a violência não era para existir no jogo, mas a única forma dos caras me pagarem era sendo por ameaças. Assim sendo, eu reduzia a divida do mocorongo para ele dar umas porradas nos outros e assim eles me pagarem ou renegociar as dividas. Até que era divertido ver os meus amigos apanhando. Incrível como a vida imita a arte.

Achei muito curioso lembrar destas brincadeiras. Hoje acontece justamente o inverso: Não tenho um tostão de merda no bolso; Tenho raiva do meu gerente, que me atola de juros; Tenho raiva do meu contra cheque que não atende as minhas necessidades; Tenho raiva quando o meu celular toca e do outro lado uma criatura diz:

–Boa Tarde! É o Sr. (Nome completo)?
–Sim. – respondo já com muita raiva, pois sei que se trata de cobrança.
–Verificamos no nosso sistema, que consta um débito que venceu no dia XX. O Sr. sabe o que aconteceu?
–Sim, eu sei.
–O que aconteceu?
–Eu não paguei.
–Qual o motivo pelo qual o Sr. não pagou?
–Dificuldades financeiras. – pronuncio esta frase ironicamente imitando o Pelé. Lembrar da propaganda da pfizer.
(...)
A mulé segue me enchendo o saco.
–Quando o Sr. pretendo efetuar o pagamento?
Lembrei do meu irmão: o mestre dos calotes. Usando a artimanha eu começo a indagar com a voz um pouco alterada.
–Tá me chamando de caloteiro?
–Não Sr., é apenas para deixar registrado no sistema.
–Olha! Eu não sou um caloteiro; sou apenas um mal pagador.
–Sr.! Eu não te chamei de caloteiro, nem mesmo de mal pagador.
–Então porque está me ligando?
–Estou te ligando para registrar a data que o Sr. pretende efetuar o pagamento.
–Ah! Tá! Seguinte, eu não estou devendo somente para vocês, tem mais um monte gente que eu também devo. Eu farei o seguinte: Todo o inicio do mês eu faço um sorteio das contas que eu irei pagar. Mas eu vou te adiantar uma coisa. Eu geralmente manipulo o sorteio. Então, se vocês continuarem me importunando com as cobranças, vocês não participarão do próximo sorteio.
(...)

–Nossa como este tipo de coisa me atormenta. –Tá tudo errado. Eu queria ter muito dinheiro: conseguir ter mais dinheiro que eu sou capaz de gastar. Às vezes, chego a pensar que eu nasci no lugar errado. Eu tenho tudo que uma pessoa rica deve ter: gosto das coisas que são caras; não me contento com o que é simples; tenho hábitos alimentares sofisticado; gosto de viajar e sair; tenho bom gosto (O bom gosto é inimigo do dinheiro). Mas não tenho o principal: O DINHEIRO.

Recordo-me de uma aula de economia: Os estágios da moeda, como surgiu o dinheiro. A moeda veio para substituir as trocas comerciais, também tinha um papel fundamental para divulgação da imagem do imperador: tinha num dos lados da moeda a lata do imperador. Naquela época os métodos de comunicação eram rudimentares. Assim, o povo ficava conhecendo o seu imperador através da moeda. –Putz! Lembrei que até nome de imperador eu tenho.

Eu necessito ser rico. Deve ser muito bom ser rico. Tem gente que diz que dinheiro não traz felicidade, então para estas pessoas eu digo: São uns hipócritas. Dê-me o dinheiro que eu serei muito mais feliz. Falta só isso para eu ser um rico. Alguém me ajuda?

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

DDA II, a saga conitinua

Preciso de um Neurologista! Tive mais alguns casos inexplicáveis nestes últimos tempos de DDA – Distúrbio de Déficit de Atenção. Vou narrar os dois últimos mais recentes.

Nesta última sexta, fui no bar do Alemão, ali na Duque, bebemorar com os parcerias da facul. Papo vai, papo vem. Quando já estava quase enrolando a língua e o alemão, dono do bar, fechando as portas: resolvemos ir embora. Chegando em casa, peguei o celular para ver que horas eram. Tinha uma mensagem da Brasil Telecú informando que o número tal tinha me ligado. Liguei de volta e atendeu um cara com voz de brabo:

-Alô!
-Quem?
-É o ... teu colega, cara!
-Que é que tu qué?
-Como assim o que eu quero, tu que me ligou?
-É que tinha uma msg tua no meu celular que tu tinha me ligado!
-Eu te liguei ao meio dia, seu retardado.

Feito isso, no sábado, sai para bememorar com outros amigos: Fomos jogar um bilhar no Porto 10. Acredito que um dos fundamentos da vida é beber. Por isso, é muito importante ter vários amigos, senão você acaba bebendo todos os dias com os mesmos amigos e podem achar que você é um alcoólatra.

Como de praxe, deixei as minhas chaves: da moto e de casa, na bolsa de uma amiga minha, somente para não ficar carregando muita coisa nos bolsos.

Ela foi embora pelas 2 da manhã. Ficamos, Tio Edi e eu, bebendo mais um pouco. Já eram 5 da matina quando resolvemos ir embora. Ao chegar no estacionamento, notei que eu estava sem as chaves. - Puta Merda! Perdi a porra da chave. Liguei para o meu amigo que divide a casa comigo:

-Tá vivo meo?
-Tô cara, o que você quer uma hora dessas da manha?
-Tu tá em casa? Eu perdi as minhas chaves.
-Sim, cara tô sim. Como você perdeu as chaves?

Se eu soubesse como tinha perdido, eu não perderia; teria encontrado. Mas menos mal, o cara tava em casa. O Tio Edi que estava comigo resolveu ligar para um amigo nosso que estava com a gente:

-Alô! -atende o nosso amigo com uma voz de sono.
-Oh! Meo, me dá uma carona que o retardado do Guto perdeu as chaves.
-Cara eu já tô em casa. (Na verdade ele já estava cansado de ter chegado em casa)
-Putz! Então tá, falou.

-Lembrei! Deixei a Chave com a minha amiga na bolsa dela. De imediato liguei para o celular dela. Ninguém atendeu. Liguei para a casa dela e a mãe dela atendeu:

-A ... tá ai?
-Ela tá dormindo -respondeu a mãe dela irritada e preocupada.
-Acorda ela! Ela tá com a chave da minha casa e da minha moto. Eu tô passando ai para pegar.
-Quem fala?
-Sou eu.
-Eu quem?
-Guto.

Pegamos uma taxera e dez minutos depois estávamos na casa dela. Peguei as chaves e fui, finalmente para casa.

Hoje perguntei para ela se a mãe e o pai dela haviam ficado bravos com a zona que eu fiz.

-Não, que isso, é impressão tua, eles ficaram super felizes.

Ufa, ainda bem, pois eu achei que eles haviam ficado bravos.